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Netflix traz Mafalda de volta às telas com série animada dirigida por Juan José Campanella

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Adaptação da icônica história em quadrinhos de Mafalda terá direção, roteiro e produção do vencedor do Oscar, prometendo conquistar novas gerações

O universo da animação está prestes a ganhar uma adição de peso. A Netflix anunciou a produção de uma série animada baseada na icônica história em quadrinhos Mafalda, criação do consagrado mestre do humor gráfico argentino, Quino. O projeto contará com a direção, roteiro e showrunning do renomado cineasta Juan José Campanella, vencedor do Oscar.

Juan José Campanella, conhecido por seu trabalho em O Segredo dos Seus Olhos, não apenas dirigirá a adaptação, mas também será o roteirista principal e showrunner da série. Ao seu lado, estarão Gastón Gorali como co-roteirista e produtor geral, e Sergio Fernández como diretor de produção. A série é uma produção original da Netflix, desenvolvida em parceria com o estúdio de animação Mundoloco CGI.

O anúncio gerou grande expectativa entre os fãs da personagem, que aguardam ansiosamente para ver Mafalda ganhar vida em uma nova mídia. A produção tem como objetivo não apenas homenagear a obra original, mas também apresentar a pequena pensadora crítica a uma nova geração de espectadores.

A data de estreia da série ainda não foi anunciada, mas a colaboração entre Campanella, Gorali, Fernández e a Netflix promete um resultado à altura da fama e relevância da personagem criada por Quino.

Em uma carta aberta, Campanella expressou sua empolgação. Confira:

Eu tinha sete ou oito anos quando foi publicado o primeiro catálogo de tirinhas de Mafalda em forma de livrinho. Meus pais liam as tiras e me diziam que eu não ia entender. Que ofensa. Que desafio. Corri para comprá-lo e ainda me lembro de subir a ladeira de Melo enquanto lia, dando gargalhadas e admitindo que, de fato, haviam tiras que eu não entendia. Mafalda e seus amigos não só me faziam rir muito, mas de vez em quando me mandavam ao dicionário. E cada palavra nova que eu aprendia vinha com o prêmio de uma nova gargalhada.

Logo eu já era mais um da turma da Mafalda. Posso citar muitas piadas de memória, mas como hoje enfrento esse enorme desafio, não vou começar com os spoilers.

Corte para décadas depois, em plena produção de Metegol. O mestre Quino veio visitar nosso escritório de produção. Havia quase 200 artistas de diferentes gerações e para todos nós era como se Deus tivesse entrado. Lembro que foi nesse dia que Quino tentou, pela primeira vez, desenhar com um lápis digital. Um gigante como ele, que inspirou gerações de desenhistas com seu traço, e muitos outros humoristas com seu senso de ironia e comentários perspicazes, estava dando forma a um traço, mas como nunca antes, sem tinta nem papel. Seu entusiasmo era o de uma criança com um brinquedo novo, fazendo dezenas de perguntas. O entusiasmo e a curiosidade de quem nunca acreditou saber tudo.

Desde essa visita, começaram a surgir perguntas. Como podemos reconectar as novas gerações que não cresceram com Mafalda a essa grande obra? Como podemos levar seu engenho, sua mordacidade, às crianças que hoje crescem em plataformas digitais? Como podemos, enfim, traduzir uma das maiores obras da história do Humor Gráfico para a linguagem audiovisual? 

Hoje, doze anos depois dessa visita inesquecível, enfrentamos esse desafio. Nada mais nada menos que transformar Mafalda em um clássico da animação. É nossa obrigação preservar o humor, o timing, a ironia e as observações de Quino. Sabemos que não podemos elevar Mafalda, porque mais alta ela não pode estar. Mas sonhamos que aqueles que são devotos dela desde o início possam compartilhá-la com nossos filhos, e embora haja coisas reservadas apenas para adultos, todos possamos soltar uma gargalhada em família, e por que não, recorrer ao dicionário de vez em quando.

Sem dúvida, de longe, o maior desafio da minha vida.

Juan José Campanella

Julho, 2024

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